Já falamos bastante sobre como a sustentabilidade fomenta a inovação e é uma excelente aliada para fortalecer a cultura, os relacionamentos, ressignificar a relação com a tecnologia, dentre outros ganhos para os negócios (leia também nosso outro artigo sobre sustentabilidade e inovação).
Hoje trazemos um benchmarking inspirador, compartilhado conosco pelo líder de inovação da Steck, Daniel Frazão.
Nossa equipe trabalhou em parceria com a Steck, sob a liderança e facilitação de Daniel, no desenho da estratégia, indicadores e roadmap em sustentabilidade e ESG da empresa, visando as metas a serem alcançadas em 2025. Em uma conversa, Daniel compartilhou sua percepção e experiência sobre como a sustentabilidade potencializa a estratégia de negócios e a cultura de inovação na empresa de maneira integrada e orgânica.
Para que você não perca nada do que foi falado, reproduzimos, abaixo, o bate-papo na íntegra. Esperamos que essa experiência contribua para que o seu trabalho em sustentabilidade e inovação ganhe mais referências para estimular ainda mais resultados integrados e estratégicos. Boa leitura!
"É um desafio complexo, que inclui não só as inúmeras dimensões que englobam a atuação da Steck, mas também as pessoas direta e indiretamente envolvidas nas ações, que precisam gerar resultados para que haja impacto real e percebido por todos".
Rever Consulting - Daniel, conta para nós um pouco sobre a estratégia de sustentabilidade da Steck e onde está o foco de vocês atualmente.
Daniel Frazão - A Steck é parte do grupo Schneider Eletric desde 2011, e a Schneider é considerada uma das empresas mais sustentáveis do mundo. Pelo fato de sermos uma operação autônoma, ainda não tínhamos esse reflexo e precisamos desenhar e calibrar uma estratégia de sustentabilidade que refletisse o alinhamento estratégico com o negócio, considerando as particularidades e especificidades que temos em nossas operações, e os respectivos desafios.
Nessa jornada de transformação e crescimento do negócio, que tem metas de consolidar a liderança em algumas frentes e se adaptar às cadeias de valor às quais estamos integrados, resolvemos sistematizar uma estratégia de sustentabilidade para fortalecer o ESG como atributo, mas também para endereçar os desafios de forma conectada aos objetivos do negócio, contidos no planejamento estratégico. Então, percebemos que a estratégia, construída em parceria com a Rever, deveria ser baseada em três pilares, tendo o propósito como norte — esse propósito foi definido no final do ano passado: Pessoas; Oferta, para olhar para todo o nosso portfólio de produtos; e Operações, para olhar para o que está nas nossas fábricas, o que faz parte da nossa operação logística, importação, exportação…
A importância dessa jornada foi que não só definimos os pilares, mas também um score card de indicadores distribuídos em cada um deles, para, de um lado, endereçar os objetivos como negócio e os impactos que geramos, e, por outro, atender aos princípios do Pacto Global, do qual somos signatários e, por consequência, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, da Agenda 2030.
Claro que dentro de cada pilar temos desafios específicos, que já vimos endereçando mesmo antes de termos uma estratégia enunciada. Um exemplo: desde 2021, 100% de nossas fábricas operam com energia renovável certificada. Outro: desde o início de 2022, a oferta dos produtos que chamamos de home distribution, que são basicamente todos aqueles de acabamento elétrico, como interruptores, disjuntores e toda a parte que está no quadro de distribuição, passou da Schneider para a Steck e são produtos certificados com selo Green Premium.
A estratégia já nos permitiu perceber que não estamos largando do zero e o quanto podemos evoluir. Por exemplo, agora estamos com o desafio de comunicar os atributos de sustentabilidade dos nossos produtos para o mercado, tanto para o consumidor final, como para os grandes distribuidores varejistas, os home centers, que já começam a ressaltar essas características como diferenciais. Então, estamos trabalhando ombro a ombro com esses parceiros. Além disso, queremos definir, inspirados nos parâmetros do green premium, um referencial de produtos sustentáveis Steck para reforçar as nossas especificidades.
RC - E no pilar de Pessoas, o que vem sendo feito?
DF - Incluímos toda a parte de diversidade e inclusão, para a qual foram definidos indicadores baseados em um censo que fizemos na empresa. Os indicadores refletem a necessidade de avançar na equidade de gênero e na representatividade e oportunidades para outros grupos minorizados.
Todas essas necessidades têm metas definidas, indicadores relacionados e ações futuras calibradas pelas políticas de D&I. Temos planos que olham para desde a contratação até a progressão de carreira, para que possamos refletir a diversidade em todas as instâncias da empresa.
A Rever vem nos ajudando a desenhar a estratégia, definir os indicadores e o road map 2022—25, que é o período que definimos para completarmos o total alinhamento da estratégia de sustentabilidade ao planejamento estratégico da companhia.
Além disso, definimos o método de trabalho. Estamos atuando com squads para os pilares de Ofertas e Operações. No pilar Pessoas, que já têm muitos dos temas endereçados junto a diversas áreas — saúde e segurança, cadeia de fornecedores e diversidade, por exemplo —, vimos trabalhando com células autônomas e acompanhando as evoluções.
"Na medida em que você busca novos modelos de negócio e de eficiência, automaticamente, passa pela sustentabilidade para chegar à inovação".
RC - O que motivou esse movimento?
DF - Temos como objetivo crescer o negócio, e que ele se torne reconhecido como premium principalmente no segmento residencial. Consequentemente, nos conectamos com necessidades que são valorizadas.
De um lado, é muito forte a necessidade de inovação. De outro, a sustentabilidade. Neste caso, e olhando para as perspectivas de transformação e crescimento, sabemos que a responsabilidade com os pilares ESG cresce na mesma proporção. Sabemos que a sustentabilidade é fundamental para associar o crescimento às demandas e oportunidades que observamos. Daí veio a assinatura do Pacto Global e a necessidade de definir uma estratégia e um conjunto de indicadores para tangibilizar esses ganhos no dia a dia.
RC - Você falou sobre sustentabilidade e inovação. Hoje, já é possível observar de maneira prática a conexão entre ambas na cultura da Steck?
DF - Nós trabalhamos com o princípio de que a sustentabilidade é um direcionador e propulsor de inovação. Na medida em que você busca novos modelos de negócio e de eficiência, automaticamente, passa pela sustentabilidade para chegar à inovação.
Tangibilizamos essa simbiose em nosso programa de inovação. Ele é baseado em cinco pilares de negócios muito evidentes — Produto, Marca, Canais, Operação e ESG. Cada um deles tem squads que atuam constantemente para fomentar inovações específicas, e temos um concurso anual de ideias, aberto à participação de todos os colaboradores.
Na edição de 2022, tivemos 197 ideias inscritas. Delas, saíram 6 finalistas para concorrer aos 3 primeiros lugares. Dentre eles, temos ideias no pilar Produto e Operação, além, é claro, do pilar ESG, que já vêm com atributos de sustentabilidade, mesmo sem ser obrigatório no regulamento.
Ou seja, a maneira como as coisas têm se ligado entre inovação e sustentabilidade tem sido percebida na cultura da empresa de forma orgânica, a ponto de estar incorporada ao entendimento do que é inovação pelos colaboradores.
Viram como a sustentabilidade catalisa a cultura de inovação estratégica e contribui para o crescimento dos negócios?